
O cenário habitacional de lançamentos imobiliários em Campinas e de outras cidades do interior paulista vem mudando de maneira acelerada. A preferência crescente por viver em áreas centrais, a busca por segurança e a limitação de terrenos disponíveis estão impulsionando a verticalização e favorecendo a construção de edifícios cada vez mais altos fora da capital. O tema foi debatido no painel “Mercado nas Alturas: A Irrefreável Dinâmica do Interior e do Litoral de São Paulo”, promovido no último dia 19 de agosto, durante a Convenção Secovi-SP.
Crescimento de lançamentos imobiliários em Campinas
Levantamento elaborado pela Brain Inteligência Estratégica, com base em informações do IBGE, mostra que Campinas teve um avanço expressivo: em 2010, pouco mais de 24% das construções residenciais eram prédios; em 2022, essa proporção alcançou 30,8%, o que representa um salto de 26,1% em 12 anos.
O estudo analisou 12 cidades do interior e constatou que mais de 2 milhões de moradores passaram a viver em apartamentos nesse período, número que significa aumento de mais de 18% no contingente de pessoas que optaram por empreendimentos verticais.
Entre os fatores que explicam essa tendência estão a necessidade de aproveitar melhor áreas urbanizadas, rapidez nos processos de aprovação de projetos, valorização de localizações centrais, escassez de lotes livres e maior sensação de segurança.
Visão do Secovi-SP
Para Kelma Elineide Tavares de Camargo, diretora da Regional do Secovi em Campinas, a revisão dos planos diretores municipais também tem contribuído. Segundo ela, a flexibilização de regras urbanísticas abriu espaço tanto para novas torres quanto para empreendimentos horizontais. “Esse conjunto de mudanças aquece o mercado e coloca o interior paulista em posição de destaque nacional”, destacou.
Ela esteve presente ao lado dos diretores Alan Cury e Carina Cury, que representam a entidade nas áreas de desenvolvimento urbano e legislação metropolitana.

Novos patamares de altura
A expansão da verticalização tem levado à construção de torres cada vez mais altas. Em Campinas, empreendimentos como o Sírius, da Patriani, com 37 pavimentos, e o Ícon, da Ayoshi, com 33, já ultrapassam os 120 metros de altura.
De acordo com a arquiteta Margareth Hogan, palestrante do evento e sócia da HMK Arquitetura, esse movimento tem impacto direto no ordenamento da cidade. “Projetos verticais reduzem a pressão por expansão horizontal, preservam áreas verdes e aproveitam melhor a infraestrutura instalada, diminuindo custos públicos”, afirmou.
Ela lembrou, ainda, que torres mais altas exigem soluções técnicas específicas, como estudos em túnel de vento, estruturas reforçadas e caixilhos de maior qualidade, devido às condições climáticas de Campinas. Para Hogan, não é improvável que a cidade receba, em breve, edifícios que ultrapassem 140 metros.
Especialistas no debate
O painel foi mediado por Frederico Marcondes Cesar, vice-presidente do Interior do Secovi-SP, e reuniu ainda Guilherme Werner (Brain Inteligência Estratégica), Flávio Amary (Fiabci Brasil), Mateus Muniz Elias Teixeira (Assecob) e Marco Vituzzo (MVituzzo Empreendimentos).
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